O público feminino é difícil de ser conquistado. Mas quando o artista
atinge esse objetivo, pode ter certeza que conquistou o tipo de fã mais
fiel que existe. Principalmente se esse público já superou as
instabilidades e escolhas efêmeras da adolescência. Paula Fernandes
acredita que alcançou essa meta. A artista nota que uma parcela
importante de seus fãs é formada por mulheres maduras, muitas vezes
casadas. Segundo ela, esse tipo de admiração está intimamente ligado à
exploração do universo feminino proposto em suas letras. “Sempre quis
atingir esse universo e jamais me posicionar como uma rival das
mulheres. Por isso, tomo cuidado com minha postura e figurinos. Posso
até usar roupas curtas no show, mas jamais opto por peças vulgares.
Muitas cantoras afastam as mulheres de seus shows exatamente por conta
desse comportamento”, define Paula.
O que levou Paula a ter essa sensibilidade para dialogar com as
mulheres foram as experiências pessoais. Tímida e com um ar brejeiro, a
cantora tem 20 anos de carreira. Durante essa busca pelo reconhecimento,
teve que abrir mão de namoros e viveu longos períodos de solidão e
decepções amorosas e profissionais. Essas passagens de sua vida
culminaram até mesmo em um quadro de depressão, há dez anos. “Depressão
atinge sobretudo pessoas sensíveis. Por isso muitas mulheres passam por
isso. Mas superei a doença e hoje consigo ser mais equilibrada
emocionalmente. Mas, até hoje, esse tipo de experiência é refletida nas
minhas letras, o que de certa maneira causa também identificação por
parte do público”, reflete.
A abordagem delicada e sensível não é exclusividade das letras, da
postura e do figurino de Paula. A cantora sempre pensou em como poderia
deixar seu show com características estéticas femininas, menos
padronizado e dependente dos saturados telões de led. Recentemente, ela
encomendou um cenário mais teatral, que remete ao interior de Minas
Gerais, onde foi criada. Desenvolvida por Gringo Cardia, a parte
cenográfica reúne também LEDs, moving lights, projeções, efeitos 3D e
telas de tule, que deixam a apresentação mais dinâmica. “Show precisa
ter cara de espetáculo, com uma iluminação que mude conforme a música,
com recursos que permitam o deslocamento dos músicos pelo palco. O único
porém é não conseguir levar esse cenário completo para alguns eventos.
Mas sempre que posso, ofereço um show que foge do convencional”, detalha
Paula.
Mas também não deve ser difícil ter a oportunidade de presenciar esse
show completo. Paula tem realizado cerca de 150 apresentações anuais
desde 2010 e hoje está entre os maiores cachês do país. Em 2013, metade
das suas datas já foram comercializadas. Mas essa agenda cheia em nada
impede a cantora de planejar novos discos e projetos. Ainda no primeiro
semestre, está previsto o lançamento de um CD e DVD ao vivo. “Gosto de
intercalar um disco de estúdio, com um ao vivo. Assim, posso mostrar aos
contratantes as mudanças no show e no repertório. Não há como negar:
DVD, hoje, é portifólio. Serve para mostrar que, apesar dos singles
serem românticos, meu show tem vários momentos, inclusive com músicas
mais animadas. Fora isso, também é uma ferramenta para atingir um
público que não gosta ou não costuma ir em shows, como os idosos”,
completa Paula.
NOVAS AMIZADES
O sertanejo onomatopeico é hoje o representante brasileiro no
exterior. “Bara Berê”, “Tchetchereretchetche” e “Lelele” estão em
evidência nas paradas gringas. Mas, Paula, apesar de não cantar esse
tipo de música, também tem se aproximado de artistas estrangeiros. A
verdade é que para ela esse tipo de contato é até mais fácil. Sua
música, que tem uma linguagem próxima do folk, é influenciada por
Eagles, Joni Mitchell, Joan Baez, Crosby, Stills, Nash & Young e
outros expoentes desse gênero. A sonoridade global ajudou Paula a se
aproximar de Taylor Swift, e gravar “Long live” em dueto com a loira. A
música, que entrou como bônus no disco “Meus encantos”, é de autoria de
Taylor, mas conta com versos em português, criados por Paula Fernandes.
Nesse mesmo álbum, a cantora ainda incluiu “Hoy me voy”, parceria com o
colombiano Juanes. “O intercâmbio com artistas estrangeiros é saudável.
Abre mercados para todas as partes envolvidas. Porém, no momento, não
quero usar essa divulgação para tocar uma carreira internacional. Vou
deixar isso para 2014, quando gravarei um projeto em espanhol”, anuncia a
cantora.
Nessa época também, Paula pensa em resgatar um pouco do seu passado
na música. Antes de se destacar em nível nacional, com o álbum de
“Canções do vento sul”, de 2005, a cantora havia gravado outros dois
discos independentes, que só tiveram divulgação praticamente em Minas e
venderam pouco mais de 10 mil cópias cada. Mas, por enquanto, esses dois
álbuns continuarão na semiobscuridade. “Quero colocar no mercado um
produto inédito, gravado quando eu tinha 17 anos. Esse disco não saiu
por falta de verba e oportunidade. Mas me agrada tanto que acho que
merece ser resgatado”, conta Paula.
GERENCIAMENTO
Em 11 de novembro de 2012, expirou o contrato que Paula Fernandes
mantinha com a produtora Talismã, de propriedade do cantor Leonardo.
Desde então, ela gerencia própria carreira, a partir do escritório Jeito
de Mato, administrado por seu irmão Nilmar Fernandes.
Situado na capital mineira, o escritório cuidará não só da carreira
de Paula, como de outros artistas. Mas o cast só será ampliado a partir
do segundo semestre de 2013. Nessa primeira fase, a intenção da Jeito de
Mato é criar um projeto para aumentar a interação de Paula com
fã-clubes. “Criamos até um departamento para isso. Paula andava distante
dos fãs, havia pouca aproximação em camarins e quase nenhuma parceria
com grupos de admiradores”, relembra Nilmar.
Também está na pauta do escritório um maior investimento na área de
redes sociais. Mas o projeto mais ousado ficará por conta da ampliação
da participação de Paula em ações de marketing e merchandising.
Recentemente, a cantora fechou contrato com a gigante de cosméticos
Wella. “Queremos aumentar a ligação da Paula com outras marcas e
produtos. Até hoje, isso foi pouco explorado. Observamos artistas com
menor espaço na mídia e menor relevância no mercado fechando bons
contratos publicitários e de licenciamento – e não queremos ficar para
trás. Em 2013, com certeza esse quadro mudará”, garante Nilmar.
Via: portalsucesso.com.br
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